quarta-feira, 29 de maio de 2013

DEMOCRACIA E CRIMINALIZAÇÃO FORAM DISCUTIDAS NO SEMINÁRIO DA ESMAM

Sex, 24 de Maio de 2013 15:10 Raphael Alves

No segundo dia de conferência o II Seminário “Direito Achado na Rua” apresentou as duas primeiras mesas de debate desta sexta-feira (24). O Seminário continua às 15h, no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmam), no Fórum Ministro Henoch Reis.
 UP-20130524_2o_dia_DANR-5O professor do Instituto Berthier (RS), líder do projeto de pesquisa “Fundamentação Filosófica dos Direitos Humanos”, Paulo César Carbonari, palestrou nesta sexta-feira (24) sobre “Educação Popular, Movimentos Sociais e Democracia”.
Como parte da programação do II Seminário “Direito Achado na Rua”, que teve início nesta quinta-feira (23), na manhã desta sexta-feira a primeira mesa de debate foi composta pelo palestrante Paulo César Carbonari e teve como debatedor o professor da Universidade de Brasília (UnB), Alexandre Bernardino Costa.
PaulUP-20130524_2o_dia_DANR-15_copyo César Carbonari falou sobre a dificuldade de realizar a democracia e os direitos humanos, uma vez que a sociedade ainda não consegue produzir e reproduzir condições necessárias para todos viverem em harmonia, sem tanta desigualdade social. “Não realizamos os direitos humanos porque as demandas populares são desmoralizadas e criminalizadas”, destacou.
Carbonari questionou por que sociedades democráticas, como a brasileira, continuam produzindo vítimas de violação dos Direitos Humanos, e por que estas mesmas sociedades marginalizam os defensores dos Direitos Humanos. “O mais grave é pensar como sociedades que se dizem democráticas e que assumiram um compromisso com os Direitos Humanos, continuam produzindo práticas contra a verdade que sustenta esses direitos”.
UP-20130524_2o_dia_DANR-18_copyO professor apontou como resolução a prática de atitudes que promovem a democracia. “Aprende-se a participar, a ser democrático e a ser organizado, sendo participativo, democrático e organizado”.
O debatedor da palestra, professor Alexandre Bernardino Costa, concluiu, em seu debate, que essa ausência da democracia nasce da dificuldade que as pessoas possuem de aceitar o “diferente”. “Há uma total ausência de consideração com o outro”, disse.

Direito, Criminalização e Seletividade Penal
UP-20130524_2o_dia_DANR-23_copyNa segunda mesa de debate, os temas discutidos foram a criminalização e o Direito Penal. A palestrante foi a professora da Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Beatriz Vargas. O debatedor foi o juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), Luis Carlos Valois.
UP-20130524_2o_dia_DANR-32_copyBeatriz Vargas alegou que a sociedade está vivendo uma justiça “esquizofrênica”, principalmente no tocante à política proibicionista de drogas. “Em relação ao crack, por exemplo, as pessoas acreditam ser a droga a culpada pelo estado dos usuários, que ficam largados nas ruas e dados à violência, quando na verdade é exatamente o contrário; o crack é a droga de fácil aquisição daqueles que já estavam nas ruas”. A palestrante afirmou que não o crack o culpado pela “cracolândia”, e sim a exclusão social.
Falando sobre o sistema penal, a palestrante convidou os UP-20130524_2o_dia_DANR-36_copyparticipantes do seminário a refletirem sobre o sentimento que é suscitado quando se fala em “sistema penal”. O público citou desde a superlotação que ocorre nos presídios brasileiros até a “seletividade” do sistema - que privilegiaria os que possuem melhores condições financeiras.
UP-20130524_2o_dia_DANR-34_copyA professora ressaltou, ainda, a tarefa do Poder Legislativo no sistema penal. “O sistema penal, para atuar e se colocar na dinâmica social, precisa de uma programação criminalizadora, e incumbe ao Poder Legislativo essa tarefa, na elaboração dessa programação”.
O juiz de Direito Carlos Valois fez o seu debate expondo um Direito Penal que tem existido “para satisfazer a ânsia de uma sociedade imaginariamente racional, que precisa sacrificar algumas pessoas, tornando a seletividade penal fantasiosa”.
Complementando sua apresentação, Beatriz disse que “acredita no Direito Penal como uma tentativa contra a barbárie”, mas complementou dizendo que o que se assiste é um movimento contrário a esse.
* Giselle Campello
Da Divisão de Imprensa e Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário