quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Invasão da Universidade de Brasília por tropas do Exército completa 44 anos

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/08/29/interna_cidadesdf,319655/invasao-da-universidade-de-brasilia-por-tropas-do-exercito-completa-44-anos.shtml
A invasão da Universidade de Brasília (UnB) por tropas do Exército completa 44 anos hoje (29). A UnB foi a instituição de ensino superior que mais sofreu durante o regime militar, na opinião do historiador José Otávio Nogueira Guimarães, coordenador de investigação da Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira. Recentemente instalada, a comissão vem desenvolvendo o trabalho de apurar violações de direitos humanos e liberdades individuais na universidade, ocorridas entre abril de 1964 (golpe militar) e outubro de 1988 (promulgação da Constituição).

Guimarães acredita que a repressão teve forte impacto na UnB porque a instituição tinha um projeto inovador em termos educacionais, mas ainda era incipiente. Por isso, segundo ele, mereceu a desconfiança dos militares. “Não era uma universidade que estava ali há muito tempo, como a USP [Universidade de São Paulo]. Era uma universidade nova [em funcionamento há dois anos]. Face ao projeto original e aos quadros [de docentes] que Darcy Ribeiro tinha conseguido trazer, eu não tenho dúvida: ela foi a universidade mais atingida”.

Soldados ao lado de camburão incendiado por estudantes no campus da UnB durante invasão
Soldados ao lado de camburão incendiado por estudantes no campus da UnB durante invasão
O historiador lembra que no dia 9 de abril de 1964, nove dias depois do golpe, nove professores foram demitidos, além do reitor Anísio Teixeira e do vice-reitor Almir de Castro. As demissões foram feitas com base no Ato Institucional nº 1 (AI-1), que previa “investigação sumária”, com demissão e dispensa de funcionários públicos, contra quem tivesse “tentado contra a segurança do Pais, o regime democrático [sic] e a probidade da administração pública”.

Além das dispensas após o AI-1, 223 professores pediram demissão da universidade em setembro de 1965 por causa das intervenções. “Foi aquela diáspora”, comentava Darcy Ribeiro (morto em 1997), um dos idealizadores da UnB. Segundo ele, a instituição foi concebida “para cuidar das causas do atraso do Brasil”, mas mesmo antes do golpe já incomodava.

“Brasília não podia ter duas coisas: operários fabris fazendo greve e estudantes fazendo baderna”, disse Darcy Ribeiro, em depoimento registrado no documentário Barra 68, de Wladimir Carvalho (veja fotos), que retrata a invasão. Na invasão, um estudante foi baleado, 60 pessoas foram presas e 500 chegaram a ser detidas provisoriamente, junto com parlamentares, na quadra de basquete.

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A invasão ocorreu porque os alunos haviam protestado recentemente contra a morte do estudante secundarista Edson Luis de Lima Souto, no Rio de Janeiro. Um decreto determinava a prisão de sete universitários. Com a ordem, agentes das polícias Militar e Civil, do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e do Exército invadiram a universidade. “Ignorância militar era uma coisa absurda .A UnB incomodava por causa da maneira como foi idealizada”, pondera Cláudio Antônio de Almeida, então estudante de economia.

Almeida era amigo de Honestino Guimarães, aluno de geologia e presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub), um dos sete que tinham ordem de prisão decretada na invasão. Segundo o ex-aluno, Honestino foi levado em “cena de sequestro”. Ele lembra que estava tendo aula de política e programação econômica, com o professor Lauro Campos, morto em 2003, quando começou a ouvir gritos: “prenderam Honestino!”.

Na sequência, os alunos saíram correndo da sala de aula. “Fomos avisados de que um grupo de policiais saiu arrastando Honestino de maneira violenta, batendo nele, colocaram-no dentro de uma viatura e saíram dando tiros pela janela, até o próprio motorista”, relatou à Agência Brasil.

A invasão da UnB marcou uma mudança nas intervenções na universidade. A partir dali, o governo militar usou outras estratégias para combater o que considerava “subversão” acadêmica: entre elas, a exclusão de professores e estudantes de programa de bolsas, a produção de material contra docentes e depoimentos falsos. “O propósito era criar fatos para desmoralizar as pessoas e fazer uma limpeza na universidade”, analisa José Otávio Guimarães. Segundo ele, há documentos no Arquivo Nacional que comprovam a atuação de agentes do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) e do Serviço de Inteligência do Ministério da Educação para investigar alunos e professores.

Com esse material, Guimarães espera que Comissão da Verdade vá além de contar a resistência “heroica” à ditadura militar. Segundo ele, pode ser que se chegue a documentos que mostrem que ocorreu delação e que foram forjadas histórias sobre as pessoas. A comissão faz nesta semana sua segunda reunião fechada para definir prioridades.

Historiadores, pioneiros e artistas concordam com mudança em nome de ponte
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/08/29/interna_cidadesdf,319627/historiadores-pioneiros-e-artistas-concordam-com-mudanca-em-nome-de-ponte.shtml 
Publicação: 29/08/2012 06:14 Atualização: 29/08/2012 06:25
Via com 400m de comprimento e três faixas de tráfego, inaugurada na época da ditadura, em fevereiro de 1976, é alvo de enquete no site do Correio Braziliense
Via com 400m de comprimento e três faixas de tráfego, inaugurada na época da ditadura, em fevereiro de 1976, é alvo de enquete no site do Correio Braziliense
A polêmica sobre a possibilidade de alterar o nome da Ponte Costa e Silva ganha a adesão de historiadores, pioneiros e artistas brasilienses. O grupo favorável à mudança da nomenclatura do monumento destaca a necessidade de homenagear uma personalidade relacionada à construção e ao desenvolvimento da cidade. A Associação dos Candangos Pioneiros de Brasília defende o nome do primeiro diretor do Hospital de Base e ex-presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Ernesto Silva. O pioneiro integra a lista dos personagens sugeridos pelo projeto de lei que tramita na Câmara Legislativa do DF e que pretende renovar a identidade da ponte.

ENQUETE: VOCÊ CONCORDA COM A MUDANÇA DO NOME DA PONTE COSTA E SILVA?

Ernesto Silva, médico pediatra, chegou à capital em 5 de fevereiro de 1955 e era conhecido como o Pioneiro do Antes, por conta da dedicado à criação e à preservação do plano urbanístico de Brasília. Foi ele quem assinou o edital do concurso do Plano Piloto, em 1956. Apaixonado pela cidade criada por Juscelino Kubitschek, o carioca Ernesto nunca deixou Brasília e morreu em 3 de fevereiro de 2010, aos 95 anos, em decorrência de disfunção múltipla dos órgãos. “Ele era um alucinado por Brasília. Precisamos avivar o nome dele. Ernesto Silva não pode ser esquecido”, defende a viúva, Sônia Maria Souto Silva, 74 anos.

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