A UnB ultrapassou sucessivas interrupções em seu curso, nutrindo lealdades, aquelas de sua origem e aquelas conquistadas em sua história, sobretudo a lealdade do povo, por sabê-la não só necessária, mas também emancipatória, para a afirmação de seu projeto histórico-social e politico.
Às vezes interrompida em seu projeto, pela violência direta e imediata, por mecanismos autoritários, pela censura, a tortura, o banimento e o assassinato. Outras vezes, como agora, de modo artificioso, por meio do uso astucioso das razões técnicas (álibi da eficiência), políticas (reorientação do projeto de controle do orçamento) e até jurídicas (disputa das categorias de legitimação constitucional e legal), tudo de modo a reduzir a relevância estratégica do modelo de educação superior, a UnB, pela força utópica de seu projeto, sempre renasce.
Tratei desse tema em recentemente em entrevista para Carta Maior, por conta de interferência indevida e abusiva do Ministro da Educação, que me levou, em duas ocasiões, a representar contra ele, junto à PGR e à Comissão de Ética Pública, visando a pôr cobro a afronta a liberdade de ensino, em face de medidas contra a autonomia da UnB, por ele anunciada.
Na ocasião lembrei de novo Darcy Ribeiro, para com ele afirmar que a questão da Educação não é, enquanto crise, uma resultante de um acaso histórico. É um projeto. Agora, no bojo das injunções de um golpe em curso,forte na desconstitucionalização (PEC de Limitação dos Gastos Sociais, Reformas Trabalhista e da Previdência) e na desdemocratização do País (afetação dos direitos de participação, judicialização seletiva, criminalização do protesto), que sufoca a universidade. Anatomia de uma nova crise que a UnB certamente vai superar.
José Geraldo de Sousa Junior foi reitor da UnB de 2008 a 2012
Fonte: http://brpopular.com.br/interna?id=9c056191-3723-4816-ba01-58a07df1466f
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