Por Carolina Valladares
A anistiada Maria Auxiliadora recebe os cumprimentos do conselheiro da Comissão de Anistia,
Dep. Nilmário Miranda, do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da ministra da Secretaria
de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.
Mais sete mulheres, que sofreram
perseguição durante a ditadura, foram anistiadas na 67ª edição da Caravana da
Anistia no Ministério da Justiça, No Dia Internacional da Mulher, 8 de março,
em um ato inédito também foram entregues pedidos de anistia política das
camponesas de Minas Gerais Cipriana da Cruz Rodrigues, Maria Aparecida Rodrigues
e Miranda e Júlio Rodrigues de Miranda (pos mortem).
Na solenidade de abertura, o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo lembrou que em sua trajetória política, sempre foi
comandado por mulheres, desde quando foi assistente de uma professora na
Faculdade de Direito da PUC-SP até hoje, como ministro da primeira presidenta
mulher, Dilma Roussef.
O discurso da ministra da Secretaria de
Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, lembrou a luta feminina contra a
ditadura. “Foi uma ousadia deixar os sonhos da juventude, pendurar em algum
lugar e entrar na clandestinidade”. Eleonora que participou desse período também
foi presa e sofreu com os atos de exceção cometidos pelo Estado.
Em um ato simbólico também foram
homenageadas as anistiadas Yara Falcon, Jessie Jane, Lilia Godim, Maria
Auxiliadora Arantes e Darcy Andozia.
Jesse Jane que foi presa durante 9 anos e
teve uma filha na prisão que lhe foi retirada com três meses de vida. Jesse
lembrou do período no DOI-CODI no Rio de Janeiro:
“Ser mulher naquele espaço não era muito
comum e o machismo era um instrumento de destruição das mulheres”.
A
anistiada Darcy Andozia, recebe a homenagem do ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo
José Eduardo Cardozo
A mãe de Carlos Alexandre, Darcy Andozia
também foi homenageada. Darcy trabalhava para o movimento dos padres dominicanos
utilizando o método Paulo Freire de alfabetização. Ela foi presa em São Paulo em
1974 e seu filho sofreu tortura com um ano e oito meses de idade e cometeu
suicídio nesse mês de fevereiro. “Eu queria lembrar que como mãe valeu a pena
ter tido meu filho e eu faria tudo de novo. Eu cheguei aqui com uma história de
luto e morte e saio com uma história de renascimento”. Darcy e Alexandre foram
anistiados há cerca de quatro anos.
Na solenidade de abertura participaram a
vice-procuradora geral da república Deborah Duprat, o secretário Nacional de
Justiça, Paulo Abrão e o deputado Nilmario Miranda.
Conheça
os processos julgados:
Roseli Fátima Senise Lacreta – Estudante da
USP e teve de se mudar pro Rio de Janeiro onde foi estudar cinema no MAM. Ficou
presa no RJ
em 1971 por 40 dias e estava grávida,
aos 25 anos. Foi presa e demitida.
em 1971 por 40 dias e estava grávida,
aos 25 anos. Foi presa e demitida.
“Essa memória dá novos
significados.
Eu engravidei e perdi meu filho com cinco meses na barriga e levei sete anos para engravidar novamente. Foi aí que eu passei a pesquisar o comportamento humano, o que leva os seres humanos a serem tão destrutivos? Fomos absolutamente desrespeitados e traumatizados”.
Eu engravidei e perdi meu filho com cinco meses na barriga e levei sete anos para engravidar novamente. Foi aí que eu passei a pesquisar o comportamento humano, o que leva os seres humanos a serem tão destrutivos? Fomos absolutamente desrespeitados e traumatizados”.
Maria
Oneide Costa Lima – Agente pastoral na paróquia de São Geraldo do
Araguaia-PA. Em 1981, foi perseguida e mantida em cárcere privado por ocasião da
prisão dos padres Francisco Guriou e Aristides Câmio.
Depoimento de seu filho Raimundo Ferreira
Junior à Comissão: “Minha mãe era do Movimento Educacional de Base e onde a
gente morava sofríamos constante ameaças de fazendereiros. Três vezes eu vi meu
pai fugir com medo de baterem nele. Eu imagino o que minha mãe sentia quando viu
um panfleto com fotos da nossa família na escola. Nós éramos acusados de ser
bandidos. Até hoje minha mãe me liga querendo saber onde eu estou, porque
trabalho em sindicato na área rural”.
Maria
Déia Vieira – Toda sua família (irmãos presos e torturados) sofreu
perseguição decorrente do regime de exceção. Foi obrigada a fugir de Goiânia e
ir viver em São Saulo.
“Esse ano completa 45 anos de perseguição, minha adolescência foi roubada e sem querer eu passei isso para os meus filhos”.
“Esse ano completa 45 anos de perseguição, minha adolescência foi roubada e sem querer eu passei isso para os meus filhos”.
Monica Tolipan
Monitora de escola infantil, estudante de psicologia da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro. Participava de movimentos estudantis.
Presidente do Diretório Central dos Estudantes, ela foi presa por 3 vezes. Monica exilou-se na Argentina. Retornou ao Brasil e foi absolvida no inquérito policial militar. Conseguiu terminar sua graduação na PUC/RJ só em 1982.
Monitora de escola infantil, estudante de psicologia da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro. Participava de movimentos estudantis.
Presidente do Diretório Central dos Estudantes, ela foi presa por 3 vezes. Monica exilou-se na Argentina. Retornou ao Brasil e foi absolvida no inquérito policial militar. Conseguiu terminar sua graduação na PUC/RJ só em 1982.
“Quando eu voltei ao Rio de Janeiro eu
não era mais a mesma. A ditadura nos calou ainda mais”.
Maria de Lourdes Toledo Nanci – Ela e o marido José Nanci sofreram nas décadas de 60 e 70 perseguição devido à militância. Foi detida no DEOPS.
Thereza
Sales Escame – Professora da Pastoral em São Félix. Foi presa por
perseguição. Teve suas atividades e as da pastoral monitoradas.
Lélea
Amaral – Professora e militante estudantil de esquerda que sofreu
prisão, quando grávida em 1970, inquérito e processo judicial.
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