O Direito Achado na Rua: nossa conquista é do tamanho da nossa luta
MAS O OLÉ FOI DO POVO
Miguel Lanzellotti
Baldez, Presidente do Centro de Estudos do Direito Crítico,
é autor no vol. 3 de O Direito Achado na Rua – Introdução Crítica ao Direito
Agrário
Deram o circo, e que circo? Muito bem montado, com
grandes atores e até deslumbrados cantores de fala afiada e serviços
indecifráveis mas tendentes ao cinismo, ensaiando enfim um esforço de forte
tendência global. O povo, porém, embora parte de si tenha ido ao circo, correu
às ruas de todo Brasil, em lindas e inesquecíveis manifestações, gritando, para
o tempo de todos os tempos, numa só voz: - senhores do circo olhem nós aqui,
estamos vivos.
Aquele grito alcançou toda a nacionalidade, e todos
ficaram atônitos, pois difícil lhes pareceu explicar o acontecido. Será que o povo
acordou, ou apenas parecia adormecido ou dopado por mentiras, arranjos,
disfarces e outras guirlandas perversas a ele oferecidas por discursos e
praticas oficiais ou oficiosas.
Ou será que o povo resolveu descobrir se do falso
manto que lhe concederam de gigante adormecido para cantar o verdadeiro hino de
libertação, um hino que é dele, e só ele sabe e pode cantar? É isto senhores
atônitos e embasbacados: esta gente toda, Brasil afora está exercendo no fato
da história seu poder constitucional, um poder que é só dele.
Um olhar, pequeno que seja, sobre a história do
Brasil revelará que seu povo só teve voz, nos momentos de insurreição,
autênticos surtos revolucionários, como, por exemplo, em Palmares, Canudos, no
Contestado, na Cabanagem e na atual ação política dos movimentos populares,
valendo citar o MST, Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e
MNLM, Movimento Nacional de Luta Pela Moradia. Pois agora é o povo todo que
está nas ruas deste Brasil imenso descobrindo numa nova e fecunda práxis que
mais lhe vale a presentação, o falar e agir por si próprio, e não a
representação que bem serviu a burguesia quando fez a sua revolução, usando o
povo para tomar a Bastilha para depois mantê-lo submisso pela força, ou pela
teia de leis e normas que deram juricidade ao modo de produção capitalista.
Nos gritos da rua certamente descobrirá, neste
empolgante exemplo de cidadania, que somente organizando-se em instâncias ou
conselhos populares, como já vem acontecendo com os movimentos sociais poderá
exercer em toda a plenitude o poder de presentar-se independentemente de
partidos políticos e dar vida à democracia direta prescrita no artigo 1º da
Constituição Federal.
É isto, enfim, o que a nossa gente está fazendo,
assumindo o poder próprio de sua soberania, sem receio de abusivas e
intoleráveis acusações dos porta-vozes do sistema.
Vândalos, com o sentido que dão a expressão, são
eles, que vem vandalizando a nossa terra e o povo brasileiro há muitos e muitos
anos.
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