28º Grito dos Excluídos e Excluídas –Brasil: 200 Anos de (In) Dependência. Para Quem?
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(*) Por Eduardo Xavier Lemos e Ana Paula Inglez Barbalho, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP)
Estimadas e estimados leitores, nesta Coluna Justiça e Paz propomos uma reflexão sobre a gênese e a importância doGrito dos Excluídos e Excluídas e conclamamos nossos leitores à participação nos atos que acontecerão por todo Brasil na semana da Independência e nodia 07 de setembro no contexto do 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas.
As manifestações do Grito têm origem na Segunda Semana Social Brasileira, promovida pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre 1993 e 1994.Naquele momento, se fortaleceuum espaçode manifestação das populações vulneráveis,com base na democracia participativa e direta, e visando a construção de um Projeto Popular nacional.
Conforme a Carta de Apoio da CNBB à 28a edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas, em 1995 a Campanha da Fraternidade trouxe o tema “Fraternidade e os excluídos”, com o lema: Eras tu, Senhor?”. O primeiro Grito dos Excluídos foi realizado em 7 de setembro de 1995, gerando como lema permanente “A vida em primeiro lugar”.
Em 1996, a 34a Assembleia Geral da CNBB, decide que “o Grito dos Excluídosocorrerá anualmente, em âmbito nacional, sempre no dia 07 de setembro, retomando preferentemente o tema da Campanha da Fraternidade”. Recentemente, o Grito passou a denominar-se “Grito dos Excluídos e das Excluídas”.
As manifestações coordenamoitiva e luta dos excluídos da sociedade, denunciando os mecanismos estruturais de opressão e propondo caminhos alternativos para uma sociedade mais inclusiva.O Grito comportavariadas expressões: celebrações, atos públicos, romarias, caminhadas, seminários e debates, teatro, música, dança e feiras de economia solidária.
O 28º Grito dos Excluídos e Excluídas, sob o lema “Brasil: 200 anos de (In)Dependência. Para quem?”, reforça o papel da participação cívica na defesa da democracia e das garantias constitucionais, unificando a sociedade civil organizadano estímulo aos valores tão íntegros e caros ao povo brasileiro, e contrapondo-se a atos isolados e minoritários que procuram sequestrar a histórica celebração nacional, incentivando aantidemocracia.
O momento do 28º Grito nos conclama:vivemos um agravamento das desigualdades sociais, com 33 milhões de pessoas passando fome no país, altíssimo índice dedesemprego, desalento e subemprego alarmantes. Simultaneamente, o número debilionários do paísmultiplicou seu patrimônio em 71%em 2021. Esse pequeno grupo detém aproximadamente 1,2 trilhão de reais, concentrando riqueza próxima ao Produto Interno Bruto do Brasil.
Advertimos ainda que os territórios e os povos tradicionais e originários vêm sendo progressivamente atacados pela ignorância e pela ganância financeira, que os defensores de direitos humano, as lideranças comunitárias, o povo negro e a comunidade LGTBQIA+, cada vez mais, vêm sendo ameaçados e exterminados, e que o Estado brasileiro, tem feito pouco ou nada para salvaguardar os direitos e as vidas dessas minorias.
As ações do Estado brasileiro afrontam a solidariedade e os Direitos Humanos, e colocam a economia acima da vida, se traduzindoem diversas formas de violência, com base no fundamentalismo religioso e cultural, que exclui e extermina, e num contexto de ataque aos diferentes, racista, machista, homofóbico e aporfóbico.
Como alerta Dom José Valdeci Santos Mendes, Bispo de Brejo – MA e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora, na Carta de Apoio ao 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas, o tempo nos convoca para ações concretas, no momento em que se difunde uma “cultura negacionista e da falta devontade em resolver as questões da saúde. O avanço do desmonte de direitos sociais e do próprioestado democrático, com a disseminação da cultura do ódio, sustentada pelas notícias falsasmanifestadas nas redes sociais são sinais do descaso pela vida.”.
A partir desse contexto, o 28º Grito dos Excluídos e Excluídas irrompena realidade brasileira, privilegiando a participação ampla, aberta e plural e, especialmente, valorizando o protagonismo dos excluídos.Estrutura-se em sete eixos de trabalho:violência estrutural, dívida pública, dívidas sociais e direitos humanos, educação popular e trabalho de base, soberania alimentar:agricultura familiar no combate à fome e ao agronegócio, 3Ts Terra, Teto e Trabalho, democracia participativa e democracia representativa e defesa dos territórios.
O Grito merece nosso engajamento. No site www.gritodosexcluidos.com, que agrega vasto material, há sua síntese: “mais do que uma articulação, o Grito é um processo, é uma manifestação popular carregada de simbolismo, que integra pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos. Ele brota do chão, é ecumênico e vivido na prática das lutas populares por direitos”.
Reiteramos nosso convite: estejamos abertos a sermos parte desse espaço de animação e profecia, comprometidos, sempre e cada vez mais, com a oitiva, a reflexão e principalmente a ação em favor das causas dos excluídos e excluídas, para que possamos rumar a uma sociedade pacífica e inclusiva.
(*) Por Eduardo Xavier Lemos, presidente da Comissão Justiça e Paz de Brasília, e Ana Paula Inglez Barbalho, vice-presidente da Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP-DF).
CJP-DF é urganismo da Igreja Católica de Brasília comprometido com o serviço do Desenvolvimento Humano Integral à luz do Evangelho e na tradição dos ensinamentos sociais da Igreja. Para este efeito, mantém relações com a Comissão Brasileira Justiça e Paz (da CNBB), com as Comissões (arqui) diocesanas congêneres e com outras instituições correlatas, a fim de cooperar na promoção dos valores relativos à justiça, à paz e ao cuidado da criação.
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