“Entra por los ojos y queda en el alma”:
Carta ao Coletivo O Direito Achado na Rua, aprendizado vivencial junto às rondas
campesinas nos Andes peruanos
Andréa Brasil Teixeira Martins[1]
Em dezembro de 2021, viajei
pela quarta vez ao Peru de férias para uma curta temporada de 20 dias, com o
objetivo também de aproveitar o período para participar de atividades
acadêmicas, previamente combinadas com meu orientador de doutorado, Professor
José Geraldo de Sousa Junior, com quem havia estado na minha primeira ida à
Lima, em outubro de 2019. Nosso encontro se deu na capital limeña para
participar do I Curso Internacional, Interdisciplinar e Intercultural “Proteção dos Direitos Humanos dos Povos
Indígenas. Direitos Territoriais e Consulta Prévia”, promovido pelo Instituto
Internacional Direito e Sociedade – IIDS, em coordenação com o Poder Judiciário
do Peru e em parceria com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Nações
Unidas de Direitos Humanos, e a Universidade de Brasília, representada no
evento pelo grande Mestre José Geraldo, e pela acadêmica Renata Carolina Vieira,
que se encontrava no Peru em programa de intercâmbio entre a UnB e o IIDS.[2]
Destaco a
importância do curso na minha trajetória profissional, acadêmica e pessoal pelo
contexto político, inovador e transformador, cuja programação foi inteiramente voltada para a defesa dos
Direitos dos Povos Indígenas. Realizado no suntuoso Palácio da Corte Suprema de
Justiça do Peru, o evento contou com a participação de magistradas e
magistrados e outros partícipes do Sistema de Justiça formal; lideranças
indígenas de vários países da América Latina, e com líderes camponeses, organizados
em Rondas Campesinas, que o Professor José Geraldo tão bem definiu como
sendo “titulares da construção político-jurídica de autonomia na gestão
administrativa e de acesso à justiça, a partir de seus territórios de produção
e de existência”. Segundo a idealizadora e organizadora do evento, Raquel Yrigoyen
Fajardo[3],
o curso já seria um embrião da proposta de construção de uma justiça
intercultural, que ela chamou de “pedagogia do encontro”.
Aqui abro
um parêntesis para registrar a grata surpresa desse encontro que tive com o
Professor José Geraldo que, como poucos, sabe tão bem encurtar a distância entre
dizer, fazer e viver a interculturalidade, sempre nos convocando a conhecer e a
potencializar, como ele, os ensinamentos do Professor Roberto Lyra Filho[4],
despertando-nos para a necessidade e urgência de combatermos na origem, e em
nós mesmos, a sociedade injusta, “pela conscientização assentada numa práxis
libertadora”. Como testemunho de profundo e afetuoso reconhecimento, esses dias
em terras Quechuas e Aymaras na sua adorável companhia ajudaram-me
a aprofundar o olhar para o tema da justiça intercultural, que aos poucos foi tomando
a forma que esse novo encontro revelava, colocando-me definitivamente no
caminho de O Direito Achado na Rua, ampliando,
assim, minha sensibilidade com os Povos Indígenas, e agora com atenção especial
para as Rondas Campesinas e suas formas de organização e de dizer e realizar
o Direito.
Retomo a
minha narrativa da última experiência no Peru, utilizando a metáfora da
bagagem. A mala que trazia comigo poderia sugerir, à primeira vista, que minha disposição
era menos a de dedicar-me ao trabalho e mais usufruir esses dias como uma
turista desfrutando suas férias em um país estrangeiro. Entretanto, o que eu
carregava “como excesso”, cuidava-se de livros e material para troca de
saberes. E como contarei adiante, serviram-me de passaporte em uma situação
muito delicada na fronteira Peru-Bolívia.
Ao longo do caminho os
livros foram ficando e a bagagem foi se enchendo com sensações, vivências e
situações inesperadas, cujas experiências pretendo contar como viajante pesquisadora,
e assim tentar captar o pensamento político, cultural e emancipatório que
parece borbulhar das ruas do Altiplano peruano e boliviano. E, principalmente,
registrar essas experiências, desdobradas em duas cartas, que me absorveram a
alma, ajudando-me a construir um outro itinerário, não mais com um olhar
distraído, e sim vivencial, consciente, presente, e pessoalmente transformador.
I
A
viagem teve início em Lima, onde fui lindamente acolhida pela querida amiga e
colega de doutorado, Shyrley Tatiana Peña Aymara, que me recebeu em sua moradia,
no bucólico bairro de Jesús Maria, com suas casas coloridas de dois pisos, onde
felizmente a especulação imobiliária parece não ter chegado. Ainda se vê muitas
casas e o movimento da multidão nas ruas deixa o lugar ainda mais encantador! Os
quatro dias em Lima foram essenciais para me preparar para as intensas emoções e
desafios que vivenciaria daí em diante, iniciando por superar a diferença de
altitude, que me alçou do nível do mar à 4.600 metros de altura, no povoado de
Cojata, na fronteira com a Bolívia.
A convite do juiz
intercultural Hernán Layme Yepez,[5] que
realiza um valoroso trabalho pelo reconhecimento e fortalecimento da justiça
comunitária, principalmente no âmbito do Poder Judiciário do Peru, foi-me
oportunizado participar do “II Encuentro de Rondas y Comunidades Campesinas
y Nativas de la Región Junín”, na cidade de Jauja.[6]
Esse foi meu primeiro contato com organizações ronderas fora dos espaços
institucionais, acontecimento singular que me permitiu observar os movimentos
do “accionar ronderil”[7], para
tentar compreender seus mais diversos campos da vida imaterial, que o pensador
peruano Aníbal Quijano (1992) descreve como sendo “los modos de conocer, de
producir conocimiento, de producir perspectivas, imágenes y sistemas de
imágenes, símbolos, modos de significación”. Numa
disposição que tinha um sentido de intensidade, entreguei-me ao momento que
começava a se desencadear, para dele extrair toda a sua particularidade. Queria
entender como as organizações ronderas dão visibilidade às suas formas
de ver, compreender, sentir, e estar no mundo, e suas contribuições para a consolidação
de um sistema de justiça intercultural.
O
encontro, organizado em quatro etapas, teve início nas primeiras horas da manhã
na Plaza de Armas[8],
estrategicamente escolhida pela sua visibilidade como espaço político e
acolhedor do coletivo. Desde logo, já nas apresentações e saudações, foi
possível sentir a importância do momento, eis que o cumprimento matinal vinha
acompanhado de uma brincadeira leve e de clara intenção política, revelando em
cada “broma” ou “chiste” a intencionalidade de se estabelecer uma
comunicação afetuosa e informal, com o intuito de facilitar o contato, e assim
a confiança e as alianças entre as comunidades ronderas e parceiros(as)
e apoiadores(as) da causa foram sendo construídas. Essa estratégia fez-me
lembrar do humor sofisticado do Professor Lyra Filho (1986) ao dizer que “falar
sério não é falar de cara feia e uma piada às vezes atinge melhor o alvo do que
muito discurso frouxo, solene e peidão”. Sábios Mestre e autoridades Ronderas!
Estabelecidos
os primeiros contatos, deu-se início à uma pequena caminhada em direção a outro
espaço público no qual foi servido o desayuno (café da manhã), oferecido
pela comunidade local – um saboroso chá quente fervido com várias ervas e
frutas (emoliente), acompanhado de um delicioso pão caseiro –. Esse foi
mais um momento importante de interação e boas vindas às e aos visitantes para
que sentissem a atmosfera de hospitalidade, como forma de captar a atenção e o
carinho do público presente. Considero a atenção como a forma mais rara e pura
de entrega, pois só assim é possível apurar todos os sentidos e descortinar-se para
o novo.
Aos
poucos os ronderos foram se organizando em grupos para a grande marcha. Inspirada
na literatura de Clarice Lispector, uma das muitas mulheres que me acompanhou na
escrita desses relatos, descrevo esse momento como imaginando a comunidade
inteira preparando-se para um grande embarque[9]. Nesse
clima de euforia, as pessoas foram chegando e organizando-se em grupos vestindo
trajes artesanalmente confeccionados representando diferentes partes da região
de Junín, que inclui Povos Andinos e Amazônicos. Nas mãos, traziam instrumentos
musicais e faixas identificando seus locais de origem. Em clima festivo, com
muitas cores e sons, a caminhada teve início em lugar um pouco distante do
centro da cidade, e incluiu passagens pelas ruas mais movimentadas, com cantos aludindo
à identidade ancestral, entrecortadas por gritos que evocavam reivindicações
por paz, justiça, igualdade, vida e liberdade. À medida que a marcha ia
passando, as pessoas, admiradas, surgiam nas portas das lojas e casas para saber
o que estava acontecendo, e algumas misturavam-se aos transeuntes. O cortejo
parecia alcançar seus objetivos de chamar a atenção da sociedade para o
movimento e a importância da luta campesina organizada em rondas para defesa
dos seus direitos, cuja intencionalidade carregava também um tom pedagógico no
sentido de ajudar a população a pensar em termos politicamente plurais,
inclusivos e realizáveis.
A
grande assembleia foi o ponto alto do encontro, realizada em um espaço mais
reservado, cuidadosamente pensado, havendo a preocupação com a segurança dos
participantes, considerando o atual contexto de pandemia. Após a abertura
solene, com os agradecimentos e cumprimentos de praxe, a palavra foi dada às
lideranças nacionais, com destaque da presença de Santos Saavedra[10],
presidente da Central Única Nacional das Rondas Campesinas del Perú, que
fez um belíssimo discurso, iniciando por apresentar o atual cenário de lutas
sociais no Peru, ressaltando que o protagonismo do “movimiento ronderil”
constitui um dos feitos sociais e políticos mais importantes da vida nacional
nas últimas quatro décadas.
A
seguir, foi a vez das e dos convidados(as) se manifestarem, estrategicamente
escolhidos(as) em razão dos lugares que ocupam, tanto no âmbito institucional
(Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e Academia), como no da sociedade
civil, com a presença de algumas organizações sociais. Neste momento fui
convidada a me apresentar, instante que se mostrou desafiador, pois teria que dizer
em poucas palavras quem sou, de onde venho, por que estou aqui? Permaneci
apenas na parte introdutória da minha trajetória acadêmica e de militância, o
suficiente para não extrapolar o tempo de fala que generosamente me fora
concedido, e fazer sentido minha presença naquela assembleia.
Iniciei,
emocionada, agradecendo o convite, expressando alegria pela beleza do encontro,
para então situar-me como servidora do Poder Judiciário do Brasil, e pesquisadora
do coletivo O Direito Achado na Rua, explicando-lhes tratar-se de um movimento teórico-político
que há mais de 30 anos caminha com os movimentos sociais na construção de uma
sociedade mais livre, justa solidária, e também plurinacional e comunitária. Busquei então estabelecer vínculos entre as
plataformas de lutas do coletivo ODANR e as organizações ronderas tendo
como eixo impulsionador a noção comum daquilo que entendem como Direito, para
extrair do momento presente seu maior exemplo de realização.
–
Acreditamos e trabalhamos na concepção e efetivação de um Direito construído
pelos Povos a partir dos valores do social, do coletivo, concebido como
potencial instrumento de emancipação e libertação humana, que se realiza sobretudo
na cotidianidade da vida em comunidade. É O Direito Achado no Chão das
Assembleias Ronderas!
Inspirada na práxis e na “participação ativa
consequente” do Professor José Geraldo, a nos orientar e a nos guiar enquanto
partícipes desse processo emancipatório, que nos tira e livra das “armadilhas
reacionárias”[11],
percebi o significado e o sentido da interculturalidade e suas intersecções com
o que chamo de “aprendizado vivencial”. Estar ali presencialmente participando
da grande assembleia, em uma região distante do poder político central, no
espaço/tempo das comunidades ronderas, tinha uma significação importante,
pois representava a vontade de se estabelecer uma fecunda cooperação e fortalecer
uma agenda comum entre os dois coletivos. Recebi, emocionada, um saludo
especial de Santos Saavedra, extensivo a todo o coletivo de ODANR:
Hermana
Andrea, lo saluda la Central Única Nacional de Rondas Campesinas del Perú,
agradecerle por su labor y visita a nuestro pais y su compromiso con la lucha
de los Pueblos por un mundo mejor.
Uma
sensação de alegria e pertencimento tomou conta de mim, senti-me ainda mais
convocada pelos dois coletivos a participar mais ativamente do processo de
emancipação social, e abrir-me com atenção à escuta sensível, que expande a
nossa humanidade. Aqui tomo como inspiração as palavras da
pesquisadora Gabriela Jardon ao expressar-se com muita sensibilidade sobre o
tema da escuta, compreendendo-a como “um esforço para recuperar a humanização
exaurida que possa se encarnar um sistema fundamental para qualquer projeto de
humanidade”[12].
Absolutamente
entregue ao momento e aberta a todas às percepções, tentando compreender todas
as explanações além do que é dito por palavras, mas levando em consideração os
olhares, os gestos e a postura do(a) orador(a) e da plateia, pude sentir como os
discursos fortes e potentes das lideranças ronderas deram o tom político
do evento, revelando os princípios ideológicos, o poder e as funções que as
organizações desempenham na sociedade, ao se afirmarem como nova forma de
representação democrática. As falas, reiteradas com extraordinária profusão,[13] ressaltaram
a origem das Rondas Campesinas, festejada como “un acto colectivo de
coraje y de desafio frente al abandono del campo por parte del Estado”[14],
com destaque para as reivindicações de justiça social, expressas no Estatuto da
Central Única Nacional de Rondas Campesinas del Perú (CUNARC-PERÚ),
documento político maior, apresentado como[15]:
la herramienta política, jurídica,
organizativa y normativa de mayor jerarquia de la CUNARC-Perú, comparable com
la Constitución Política del Estado, porque esta es la que permite organizar la
vida interna de las Rondas Campesinas, define y regula la calidad de sus
afiliados que han de integrarse a sus respectivas estructuras, regula sus
deberes y derechos, estímulos y sanciones, así como sus princípios, fines y
objetivos, el régimen administrativo y su estrutura organizativa.
É
perceptível a natureza reivindicativa das organizações ronderas de
diversa índole, que adquire legitimidade à medida que se ajustam às
necessidades dos Povos, e inclui justiça e muitos direitos. Importante
registrar a participação da juventude, que já tão “tempranamente” se
apresentou como voz autorizada e potente, fazendo-se presente em representações
artísticas, nos brindando com lindas poesias e músicas, que são verdadeiros
cantos à alegria e à esperança, refletindo o seu engajamento político. As
danças, com seus trajes belíssimos e artesanalmente confeccionados, denotam a
importância da união e da diversidade, revelando ainda o mundo das crenças e
valores místicos das culturas andina e amazônica. Nessa organização, as
crianças e os anciãos desempenham funções relevantes para aplicação da justiça.
Estar
presencialmente neste ambiente e ter tido contato direto com as pessoas,
observando os rostos, gestos, sorrisos, falas, compartilhando alegrias e angústias
permitiu-me uma compreensão mais ampla dos modos de significação, dos processos
de luta por reivindicações de direitos. A escuta atenciosa proporcionou uma
abertura para alcançar o espírito das Rondas Campesinas surgidas com o
objetivo de se autogovernarem e prestarem apoio mútuo entre seus membros e
membras, honrando o trabalho para o bem viver, o respeito e a harmonia com o
meio ambiente, e a consciência de proteger a vida, o trabalho, a cultura, e os
bens coletivos e individuais. É emocionante notar como o movimento ronderil[16]
se mantém firme em seus princípios organizativos, não obstante a criminalização
de seus projetos e práticas de vida pelo Estado, principalmente pelo Poder
Judiciário.
A
“política de acercamento” articulada pelos ronderos em suas assembleias,
ampliando o diálogo com representantes
do
Estado e da sociedade civil, a fim de identificar suas problemáticas e
possíveis soluções, têm sido uma
estratégia e contribuições importantíssimas para a realização de uma justiça
verdadeiramente intercultural, aqui compreendida como “processos de libertação”[17].
Os Povos anunciam a urgência de se estabelecer de fato um diálogo intercultural
entre os órgãos jurisdicionais especial e comunitário, contribuindo para que “os
espaços institucionalizados representem uma dimensão real do pluralismo jurídico”,[18] e
para que as assembleias ronderiles e a vida em comunidade se constituam
como legítimos espaços de autonomia, construção e materialização de seus
direitos.
É
o Direito Achado nos espaços institucionais e comunitários!
Em
cada discurso é comovente o sentimento de orgulho e resistência dos ronderos
por manter seus territórios ancestrais, estruturas, costumes, tecidos, idiomas,
alimentação, organização, e, principalmente o direito à diversidade cultural,
que compreende promover, desenvolver e manter seus sistemas normativos próprios.
E apontam caminhos para o exercício efetivo da interculturalidade, que, como
nos adverte Catherine Walsh (2010)[19], deve ser compreendida à luz de uma perspectiva crítica que não seja
funcional ao modelo dominante, de modo a estabelecer o foco no problema
estrutural-racial-colonial, a exigir a transformação das instituições e das
relações sociais a fim de que se concretize. A esta compreensão, o Professor José Geraldo (2008) acrescenta
que somente é possível falar em democratização da justiça com a participação e
o protagonismo dos sujeitos sociais reconhecidos como “sujeito coletivo capaz
de elaborar um projeto político de transformação social e elaborar sua
representação teórica como sujeito coletivo de direito”.[20]
Agradeço
enormemente a oportunidade de haver participado desse evento de grandiosa
importância, que me fez entender distintas expressões de justiça, lições
aprendidas com as teorias e práticas do coletivo ODANR e agora apreendidas com
esta rica vivência – “Entra por los ojos
y queda en el alma”. Experiência que muito me ajudará a melhor desempenhar o
trabalho que desenvolvo no âmbito da educação judicial, tanto no plano institucional,
como servidora do Poder Judiciário, e pesquisadora da Universidade de Brasília,
e na vida em comunidade com os Povos Indígenas.
[1]
Doutoranda
em Direito (PPGFD-UnB); Mestra em Desenvolvimento Sustentável junto a Povos e
Territórios Tradicionais (MESPT/CDS/UnB); Pesquisadora do Coletivo O Direito
Achado na Rua e servidora da Justiça Federal, com lotação na Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM). Pesquisa e trabalha com educação judicial e a
temática Povos Indígenas e o Poder
Judiciário.
[2] A respeito, ver
o Memorial do “I Curso Internacional, Interdisciplinario e Intercultural:
Protección Internacional de los derechos humanos de pueblos indígenas”. Coluna
Lido para Você, por José Geraldo de Sousa Junior, articulista do Jornal Estado
de Direito, Postado em 27 de maio de 2020.
[3] Raquel Fajardo Yrigoyen, membra
fundadora do Instituto Internacional Direito e Sociedade – IIDS, autora
referência no tema pluralismo jurídico igualitário.
[4] Lyra Filho, Roberto. O que é Direito¿. Editora Brasiliense,1985.
[5]
Hernán Layme Yepez, Juiz
Superior Titular da Corte Superior de Justiça de Puno, e membro da Comissão
Nacional de Interculturalidade do Poder Judiciário do Peru. O referido
magistrado desenvolve relevante trabalho pelo fortalecimento da justiça
intercultural, tanto no âmbito do Poder Judiciário, quanto junto às comunidades
campesinas e nativas do Peru.
[6]
Jauja está situada na
região de Junín, no Peru, a uma altitude de 3.400 mts. O encontro aconteceu no
dia 20 de novembro de 2021, e teve como atividades centrais debates da
plataforma de luta rondera comunal e nativa da região de Junín.
[7] Expressão usada pelos ronderos para
designar sua luta em seus discursos e escritos.
[8]
No Peru, todas as cidades ou
povoados denominam sua praça principal como “De Armas”, um local que permite o
contato e a comunicação entre os cidadãos, exercendo variadas funções
culturais, políticas, econômicas e religiosas, e no passado era utilizado como
ponto de encontro em caso de um ataque, sendo habitual que houvesse em seus
limites um arsenal ou guarnição para armas.
[9] Ressignifiquei o sentido que a
autora Clarice Lispector deu à frase no livro “A cidade sitiada”, trocando
apenas a palavra “multidão” por “comunidade”. A autora me acompanhou na escrita
desta carta. Lispector, Clarice. A cidade sitiada, Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
[10] A liderança Santos Saavedra ofereceu
um livro com dedicatória especial ao
Professor José Geraldo, que dedicou um artigo à obra na coluna semanal Lido
para Você. Rondas Campesinas. Principios de Organización y Trabajo.
Oscar Sanchez Ruiz. Chiclayo, Peru: Ediciones e Impressiones Frías/Grupo
Cultural Wayrak/Colección Bicentenario, 2021.
[11] A respeito das
“armadilhas reacionárias” e a coerência que orienta o agir profissional,
principalmente dos advogados (as) e juristas, tratando-se de temas sensíveis de
direitos fundamentais, cito a polêmica mais recente que ocorreu em torno do parecer
encomendado por representantes do agronegócio ao jurista Lênio Streck, conhecido
como referência intelectual e pensador progressista, a favor da tese do marco
temporal e contra a territorialidade dos Povos indígenas. In, “As teses jurídicas em disputa
no STF sobre Terras Indígenas. Lido para Você, por José Geraldo de Sousa
Junior, articulista do Jornal Estado de Direito. 1º de setembro de 2021.
[12]
Gabriela Jardon,
dissertação de mestrado “O Direito de Escuta das Partes Processuais”. In Lido
para você. José Geraldo de Sousa Junior, articulista do jornal Estado de
Direito, 22 de dezembro de 2021.
[13]
Caminhando em companhia da
autora Clarice Lispector, no romance “A cidade sitiada”. Editora Rocco ltda.
Rio de Janeiro, 1998.
[14] Rondas
Campesinas. Principios de Organización y Trabajo. 40 años. Grupo Cultural
Wayrak. Colección Bicentenario. Setiembre 2021. Nota: livros escritos sobre as
organizações campesinas são vendidos nos eventos para arrecadar fundos para as
mobilizações.
[15] CUNARC-PERÚ. Estatuto. Ley y
reglamento del autogobierno de las rondas campesinas, urbanas e indígenas del
Perú. Aprobado el 4 y 5 de octubre del 2013 – Trujillo – Perú.
[16] “Accionar
ronderil”, conforme acima mencionado, trata-se de expressão usada pelo próprio
movimento. Ver em Ruiz. Oscar Sanchez. Rondas Campesinas. Princípios de
Organización y Trabajo. Grupo Cultural Wayrak, septiembre-2021.
[17] LYRA FILHO, Roberto. O que é
Direito¿ Editora Brasiliense,1986.
[18] SOUSA JUNIOR. José Geraldo.
Coord. O Direito Achado na Rua. Concepção e Prática. Coleção Direito
Vivo. Volume 2.
[19] WALSH, C. Interculturalidad crítica y
educación intercultural. In: VIAÑA. J.; TAPIA, L.; WALSH, C. (Orgs.).
Construyendo Interculturalidad Crítica. Bolivia: Instituto Internacional de
Integración del Convenio Andrés, 2010.
[20] SOUSA JUNIOR. José Geraldo de. Direito
como liberdade. O Direito Achado na Rua. Experiências Populares
Emacancipatórias de Criação do Direito, Tese de Doutorado, Universidade de
Brasília-Faculdade de Direito, Brasília, 2008.
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