RECONHECIMENTO - 28/02/2014
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Mariana Costa/UnB Agência |
Bacharel recebe prêmio da Secretaria de Políticas para Mulheres
Artigo
de Sinara Gumieri Vieira sobre aplicação da Lei Maria da Penha nos
casos de homicídio venceu uma das categorias da 9ª edição do Prêmio
Construindo a Igualdade de GêneroHelen Lopes - Da Secretaria de Comunicação da UnB
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Graduada
pela Universidade de Brasília no ano passado, a bacharel em Direito
Sinara Gumieri Vieira é uma das ganhadoras da 9ª edição do Prêmio
Construindo a Igualdade de Gênero. O resultado do concurso, promovido
pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação e das
Organizações das Nações Unidas, foi divulgado nesta terça-feira (25).
Sinara
venceu na categoria Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado com
um artigo sobre a aplicação da Lei Maria da Penha nos casos de
homicídio. O trabalho é um extrato de sua monografia de graduação, feito
sob a orientação da professora Debora Diniz, e analisa 35 casos de
homicídios com trânsito em julgado. Os crimes foram cometidos no
Distrito Federal entre 2006 e 2012.
A pesquisa
constatou uma baixa aplicação da Lei Maria da Penha em casos de
homicídios de mulheres em situação de violência doméstica. “Apesar de
abordar a violência doméstica de forma geral e de não focalizar
diretamente o homicídio, a lei traz um agravante que deveria ser usado
nesses casos. No entanto, ela não é citada nem tratada como relevante.
Isso aponta certa dificuldade de compreensão da perspectiva de gênero
que a Lei Maria da Penha tentou trazer, uma vez que, na expressão máxima
da violência contra a mulher, a norma não aparece como mediadora das
relações”, explica Sinara, que neste ano vai iniciar o mestrado na
Faculdade de Direito.
A bacharel verificou ainda que
o número de condenações foi alto, mais de 80%. Entretanto, os discursos
jurídicos mudaram pouco. “Muitas vezes, o Ministério Público
contextualiza esses casos como situações isoladas, decorrentes de
desentendimentos domésticos exacerbados. Falta a dimensão estrutural da
violência. A defesa, por sua vez, em metade dos casos, usou argumentos
que reproduzem os estereótipos de gênero, como traição ou aspectos
ligados à virilidade”, diz a vencedora, que chegou aos casos por meio de
laudos do Instituto Médico Legal.
De acordo com a
professora Debora Diniz, o prêmio, cujo objetivo é estimular e
fortalecer a reflexão crítica e a pesquisa acerca das desigualdades
existentes entre homens e mulheres, é o mais importante do país sobre
pesquisa de gênero. “É um reconhecimento muito importante, esse prêmio é
bastante concorrido”, ressalta Debora.
A professora
diz ainda que Sinara representa uma nova geração de juristas que pensa o
Direito com base em pesquisas sólidas. “Ela fez uma pesquisa muito
séria. A violência contra a mulher é um tema muito relevante no Brasil, e
esse prêmio reconhece a contribuição que o estudo pode trazer para
tomarmos medidas para reduzir essa violência”, salienta Debora.
Além de receber R$ 8 mil, a bacharel concorre a bolsa de mestrado. A cerimônia de entrega das premiações acontecerá em maio.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.
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